O convertido Paulo de Tarso

Conversão de São Paulo

No calendário dos santos celebra-se somente uma conversão (25 de janeiro): a conversão de Paulo/Saulo de Tarso, conhecido também como o “Apóstolo Paulo”. Sua importância e a importância de sua conversão são de tal forma relevantes a ponto de alguns estudiosos considerá-lo, exageradamente, o fundador do Cristianismo. Uma coisa é certa: se não houvesse existido esse homem e a evangelização dos não judeus levada adiante por ele, o Cristianismo teria morrido sufocado na Palestina, ramo seco ligado ao Judaísmo. Sua conversão de perseguidor dos cristãos em incansável fundador e animador de comunidades cristãs é tão importante a ponto de Lucas, no livro bíblico conhecido como Atos dos Apóstolos, narrar três vezes o mesmo episódio. Três vezes? Pois é. Não havia outro modo de enfatizar o acontecimento. Você pode conferir: 9,1-19; 22,5-16; 26,9-18.

Por que três vezes? A resposta depende em grande parte do contexto no qual cada narrativa se encontra. A primeira (9,1-19) aparece em meio a outras conversões: o eunuco africano que, depois de batizado, se torna missionário na África; a conversão do centurião Cornélio (capítulo 10), e a região da Samaria, que acolhe o anúncio de Jesus. Completa-se dessa forma aquilo que é dito por Jesus acerca de Paulo: “... ele é instrumento escolhido para levar meu nome diante das nações pagãs” (9,15). Portanto, a primeira narrativa acontece em um ambiente de anúncio e conversão das nações pagãs. E lá está Paulo.

9,15 continua: “...para levar o meu nome diante ... dos reis”. Aí está o motivo pelo qual narra-se o mesmo episódio. Agora, a narração é por conta de Paulo, prisioneiro, diante do rei Herodes Agripa II (26,9-10). Finalmente, Paulo narra o mesmo acontecimento a um auditório de judeus (22,5-16). O número 3 está, às vezes, associado à universalidade, de modo que temos o anúncio, dirigido ao mundo inteiro, da conversão daquele que, depois de Jesus, foi o personagem mais importante de todo o Novo Testamento.

Os artistas “folclorizaram” o evento, introduzindo o cavalo e a queda dele. Isso leva a crer que a conversão de Paulo foi algo pontual. E isso pode ser discutido. Em minha opinião, a conversão de Paulo foi longo amadurecimento de nova visão de Deus, das pessoas e das coisas. O Deus no qual Paulo acreditava é o mesmo antes e depois da conversão. O que mudou foi o novo olhar com o qual Paulo via Deus, as pessoas e o mundo.

 

Pe. José Bortolini