O TESOURO DA GRATIDÃO

Dia da gratidão

No capítulo 17 do Evangelho de Lucas encontramos uma passagem que nos mostra a importância da gratidão. Dez leprosos pedem a Jesus que os curem. A cura acontece. Contudo, apenas um retorna para agradecer: “Então Jesus lhe perguntou: ‘Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?’” (Lc 17,17-18). O questionamento de Jesus acerca daqueles que não voltaram para agradecer continua ecoando em nossos tempos e no coração de cada pessoa.

 

A gratidão é uma virtude das almas nobres e humildes. Quando agradecemos algo que recebemos demonstramos nosso amor pelo favor recebido, e, ao mesmo tempo, reconhecemos o quanto necessitamos do próximo e de Deus.

 

Quanto mais gratos somos, mais positivos nos tornamos diante da vida. Quem pouco agradece torna-se uma pessoa amarga e negativa. Os que muito reclamam e veem a vida a partir das lentes do pessimismo são pessoas que não aprenderam a agradecer, e por isso mesmo vivem presos aos reflexos de uma vida destituída de sentido. Não conseguem olhar para além do horizonte e perdem a oportunidade de descobrir que, por detrás de cada acontecimento, existe algo para aprender ou agradecer.

 

Aqueles que aprenderam o valor da gratidão se tornam gradativamente mais positivos diante da vida e de seus desdobramentos. Buscam a cada dia aprender com seus erros e louvar a Deus pelas conquistas e benefícios recebidos pela graça da misericórdia divina.

 

Para qualificarmos nossos sentimentos negativos necessitamos usar o termômetro interior da gratidão. Quanto mais negativos nos tornamos menos estamos agradecendo.

 

A cada dia somos agraciados com inúmeras dádivas divinas: o ar que respiramos, as pessoas que nos ajudam a ser melhores, a natureza exuberante que nos acalma, as inquietações da alma, a paz que emana dos gestos de caridade... A tudo isso devemos ser gratos a Deus e ao próximo.

 

E nunca deveríamos nos esquecer de agradecer aqueles que nos fazem o bem diariamente e que nos ajudam a sermos pessoas melhores. Devemos ser gratos também àqueles que, mesmo praticando o mal, se tornam para nós mestres na arte de não repetirmos seus erros. Assim escreveu Khalil Gibran: “Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores”.

 

Acima de tudo, nunca nos esqueçamos de agradecer a Deus. Se somos mestres na arte de pedir, deveríamos nos tornar doutores na arte de agradecer.

Quanto mais gratos formos mais humildes seremos. Quanto mais humildes nos tornamos mais próximos estaremos do coração de Deus.

 

Pe. Flávio Sobreiro