Qual o melhor presente para o dia das mães

Mãe, família, amor... simples palavras ou verdadeira lição de vida?

Quantas vezes você já ouviu a expressão que “maio é o mês das mães” e concordou balançando a cabeça? E quantas vezes você, impulsionado pela onda consumista que impulsiona a sociedade, não saiu de casa afobado para comprar um presentinho de última hora para agradar a mamãe? E se eu lhe perguntasse quantas foram as vezes que você parou para rezar por sua mãe, olhou-a nos olhos, segurou suas mãos e lhe disse que a amava pelo simples fato dela ser mãe? Qual seria sua resposta nesse caso? Bom, não se envergonhe disso, mas que tal neste dia das mães, em vez de querer cobrir sua mãe de presentes, você, simplesmente, ofereça a ela um grande abraço e a companhia de uma tarde ou uma manhã juntos, relembrando coisinhas gostosas da vida, folheando álbuns de fotos antigas e perguntando coisas que você sempre quis saber e nunca teve coragem de perguntar? Digo isso porque, salvo raras exceções, uma mãe ficará muito mais feliz com o aconchego filial do que com qualquer objeto, que venha querer substituir o calor humano entre filhos e mãe.

Ser mãe é fazer acontecer a cada momento os melhores sentimentos da vida. É transparecer, nos gestos e no sorriso, a beleza de ter gerado vida para o mundo. Nada é mais bonito do que a mãe que segura ao colo o filho, amamentando seu rebento e dando a ele a possibilidade de viver a vocação à felicidade. Ser capaz de gerar a vida é algo tão sublime, que o próprio Deus, quando quis mora no meio de nós, escolheu uma mulher para gerar seu Filho, Jesus. Na pessoa de Maria de Nazaré, as mães foram reconhecidas como criaturas que recebem de Deus um dom especial, o dom da maternidade. Mas nem tudo são flores, não é verdade? Quantas vezes somos surpreendidos por relatos de mães que abandonam seus filhos ou que agridem os pequeninos! Quantas dessas mulheres esquecem de educar seus filhos e acabam por marcar negativamente a vida deles. Diante das tristezas, é preciso valorizar, ainda mais, as coisas boas que vêm do coração materno. Somos apaixonados pela vida! E a vida nos vem gratuitamente por meio do corpo de uma mulher, figura apaixonante, que com carinho aprendemos a chamar de mãe.

Quando penso no dia das mães penso mesmo é na família. Ter uma família, hoje e sempre, é um privilégio. Certamente, muitos que agora debruçam seu olhar sobre estas linhas carregam histórias familiares tristes, casos de desunião e brigas, sofrem a ausência de pais ou amargam a divisão entre irmãos. Outros, e oxalá esses fossem a maioria, carregam um orgulho santo em ter o apoio moral e espiritual de uma família, com pais e mães preocupados com filhos, com filhos percorrendo caminhos de paz, enfim, ainda vivem em um ambiente onde a família, mesmo que tenha seus pecados e defeitos, orienta-se pelos desígnios de Deus e do amor.

Esse privilégio sustenta a santidade do mundo e da sociedade. E, como tudo na vida, só uma é a receita para a existência de famílias como essa: o diálogo entre pais e filhos. Ou você conhece alguma alternativa que seja mais louvável para manter a paz familiar do que a harmonia que nasce entre pais e filhos que trocam ideias sobre tudo o que desejam e planejam para suas vidas? Não está na raiz de todo conflito a falta de comunicação/diálogo (confiança?!) que existe entre filhos e pais?Quantos pais e mães, batalhadores incansáveis, não gostariam de dialogar mais com os filhos e filhas? Quantas mães penam a desilusão de terem educado suas filhas e seus filhos nos mais altos padrões da moralidade humana e cristã e, de repente, se veem cercadas por um ambiente de rebeldia filial? Pior ainda: quantos pais e quantas mães se culpam dos passos trôpegos que os filhos, no decorrer da vida, vivem dando mundo afora, como se fossem eles os responsáveis pelo fracasso dos filhos? Ou quantos serão os filhos que, tendo sempre o que necessitaram, ainda, responsabilizarão seus pais pelos fracassos pessoais?

É preciso reafirmar com todas as letras: o diálogo salutar dentro de casa, entre pais e filhos, pode sanar muitas feridas abertas, sobretudo, a partir da adolescência, quando, saindo de casa para a sociedade, o jovem depara-se com um mundo completamente diferente daquele que conheceu quando vivia somente as sombras das asas dos pais. Ainda que seja um momento delicado da formação da personalidade, pais e mães não podem deixar de lado a tarefa paternal de orientar seus filhos adolescentes, buscando o equilíbrio entre a liberdade que eles pleiteiam e a autoridade conferida natural e moralmente aos pais diante dos filhos. E note bem a palavra “equilíbrio”, afinal, nada mais condenável do que pais que passam a vida toda tratando os filhos como se fossem bebezinhos de colo; ou filhos que passam a vida toda agarrados a saia da mãe por medo de construir a própria história e individualidade.

Queridos pais, não se culpem pela insensibilidade dos filhos, sobretudo se o processo de educação foi esmerado e laboriosamente pensado para o bem dos rebentos. Filhos, procurem valorizar a educação recebida dos pais e não se deixem envolver pelas seduções nefastas do mundo, cujo objetivo é reduzir a pó toda e qualquer relação afetiva e espiritual entre os seres humanos, transformando-os em simples mercadorias de troca e de venda. Não custa recordar a catequese: “Honrar pai e mãe”, um dos mais nobres mandamentos da lei de Deus.

E para não dizer que não falei das flores, faço aqui um pequeno comentário sobre pais e filhos, cujas vidas foram marcadas por feridas emocionais graves e cujas existências parecem ser uma sucessão de tragédias emocionais e psíquicas. Há que considerar histórias de pais que abandonaram seus filhos, que os maltrataram na infância. Pais cujas condições sociais os impediram de oferecer condições mínimas de educação aos filhos, realidades familiares ainda marcadas pela violência doméstica, pela fome e pelo abandono. Há casos em que pais e filhos são vítimas do sistema socioeconômico. Há casos em que pais, emocionalmente desequilibrados, inviabilizam a desenvolvimento sadio dos filhos. Há casos de filhos que se tornam o avesso dos pais, e mesmo com tudo disponível, ainda se tornam casos de polícia. Há casos e casos e casos e casos. No fim, para uma família em paz, juntemos o diálogo, a espiritualidade, a harmonia e o amor. Assim, as chances do sucesso serão bem maiores!

E jamais devemos nos esquecer que amor de mãe/pai é sagrado. Tanto que quando a gente fica sabendo de mães que abandonaram os filhos, ou que lhes negam atenção e carinho, nossa reação é de tristeza. Como é que a mãe pode esquecer seu filho? O profeta bíblico Isaías um dia disse que, se por ventura, uma mãe esquecer-se do filho, Deus jamais esquecerá, pois cada um de nós tem seu nome gravado no coração de Deus. Antes que nascêssemos, Deus já havia escolhido para nós um caminho, uma missão, uma vocação. Por isso nós, católicos, amamos tanto nossa mãe Maria. Nela se espelha o próprio amor de Deus por nós. Sendo a mãe do Amor-encarnado, Jesus Cristo, Maria recebeu das mãos do Filho pendente na cruz, a missão de ser a mãe de toda a humanidade, por isso, a ela recorremos nas necessidades da vida, pois sabemos que o amor dela por nós é imenso, já que foi o próprio Senhor que no-la deu por intercessora e medianeira das graças. Amor de mãe é mesmo sagrado, e muito mais sagrado é o amor que Nossa Senhora tem por seus filhos. Mãe amorosa, rogai por nós!

Por Padre Evaldo César de Souza